Na época, Osvaldo passava por dificuldades financeiras e mesmo assim, não se negou a ajudar quatro crianças que chegaram até ele com fome. Quando o quinto garoto pediu uma refeição, no entanto, ele não tinha mais comida para partilhar e, ao ver as lágrimas do menino, chorou também.
Ao lado da mulher, Vera, com quem não pôde ter filhos biológicos, transformou-se em um pai pelo amor: passou a pegar doações com conhecidos e o boca a boca fez rapidamente o número de crianças aumentar. “Eu estou cumprindo a minha missão que é tentar levar alento a esses meninos e meninas que ainda choram. Os sonhos deles são pequenos, eles sonham com o abraço de um pai que muitos deles não têm em casa, sonham com um prato de comida, com uma roupa limpinha e uma cama quentinha”. Esse é seu objetivo com a Associação de Luta Pela Vida, que o deixa tão realizado.
Por lá, o casal não só garante a alimentação, como também mantém uma biblioteca para o lazer dos pequenos, aula de informática, além do atendimento médico e odontológico gratuito. “Procurei a felicidade pela vida toda e não sabia onde achá-la. Aí, descobri que é impossível ser feliz sozinho. Eu adotei a meninada como meus filhos. Meu amor por eles é amor de pai, amor puro e verdadeiro.
Para mim, a grande satisfação é ver esses meninos, apesar das dificuldades, vencendo pelo amor e não pela dor. E ao lado da esposa Vera e a colaboração de pessoas do bem, seguimos firmes nesse propósito em direção à realização desse sonho,” fala.
CONHEÇA ESTA LINDA história:
Quatro crianças com fome foram as responsáveis por mudar o destino dos mineiros Osvaldo Antônio da Silva e Vera Lúcia da Silva. O casal mora em Monte Carmelo, no Alto Paranaíba.
Era a hora do almoço na casa de Vera e Osvaldo, no Bairro São Sebastião, um dos mais pobres da cidade – condição que permanece até hoje. Antes de servirem, no entanto, receberam um chamado na porta. Eram três meninos de cerca de 7 anos, que tinham em comum os corpos franzinos e muita fome. Vera resolveu dividir o pouco que tinha na panela com os pequenos, comprometendo o almoço do marido. “Mas não tinha problema, eu “interei” o que sobrou com farinha para comer antes de trabalhar”, lembra Osvaldo, que, à época, era contratado em uma indústria cerâmica. Mal havia acabado de limpar o prato, recebeu a visita de outra criança que, com a mão na barriga miúda, também pedia comida.
“Eu disse que tinha acabado a comida e mostrei a panela vazia. Aí aquele menino sentou no chão com as mãozinhas no rosto e começou a chorar de fome. E eu chorei junto, de desespero. O aperto no peito que senti naquele momento eu não desejo para ninguém. Por isso, eu prometi naquele dia que nunca mais ia deixar outra criança com fome”, relata, mostrando que o peito apertado havia acabado de transformá-lo em pai.
A providência inicial foi trocar a panela por uma maior. “Como éramos só eu e a Vera, a gente tinha apenas uma panelinha pequena. No outro dia, as crianças voltaram e almoçaram conosco. No dia seguinte, vieram mais crianças, e, no outro, ainda mais. E, assim, o que eram quatro viraram sete, depois dez, 15. Hoje são mais de 100”, orgulha-se. E eles sabem os nomes de todos.
Atualmente, o casal ajuda 110 crianças, 10 adultos e 20 cães e a rotina de “fazer o almoço” já se repete há 27 anos. A alimentação é servida sete vezes por semana, e além do almoço, passou também a ser servido o café da manhã para as crianças, bem cedinho, antes de irem para escola. Ele contou que tem muitas crianças que passam o dia com essas refeições. O café da manhã, segundo Osvaldo, é servido das 6h ás 7h30, para isso ele e mulher levantam todos os dias às 4h da manhã para dar conta do serviço. O almoço começa a ser servido ás 10h e termina 12h30. Vera acrescentou que, apesar de tanta criança, o trabalho não é cansativo e, sim, compensador, “A gente quer é ajudar mais”, disse.
Todas as crianças assistidas pelo casal são de famílias vulneráveis social e financeiramente, moradoras do Bairro São Sebastião, que carece de infraestrutura.
Nesse tempo de ação, o casal conseguiu adquirir um terreno no bairro, juntando as economias e horas extras do trabalho do Oswaldo na AABB de Monte Carmelo, e registrou no nome da “Fundação Luta Pela Vida”, que eles mesmos criaram.
No local, conseguiram construir a sede da Associação.
As obras foram iniciadas em janeiro de 2015 e, após nove meses estava tudo pronto.
A sede da associação conta com espaços como cozinha, despensa e sala multiuso. “Com uma obra desse tamanho, agora é colocar duas refeições diárias e cursos. Hoje não termina meu sonho. Começa uma nova jornada que é usar esse espaço para formar cidadãos”, comentou Oswaldo. Vera Lúcia da Silva comemorou a nova cozinha, que proporciona maior espaço para cozinhar. “Graças a Deus! Com a ajuda do povo, agora tem espaço para poder cozinhar”, disse.
Pensa que já estão satisfeitos com o que fazem? O Oswaldo e a Dona Vera ainda têm mais sonhos, pois ainda cabem mais filhos em seus corações. Sonham em construir mais 3 sedes na cidade para conseguir atender crianças de outros bairros. E ele relata emocionado: “ Eu e Vera não almejamos ser ricos, o que queremos é ver nossos meninos formados. Cada momento que vivemos valeram a pena”, disse.
É uma força que nos inspira, que nos faz crer em nosso país, não é?
Contato para ajudar, os telefones são (34) 3842-0849 ou (34) 3842-2482.■■