Mais de 40 cooperados da monteCCer participaram do evento que foi realizado em Campinas-SP.
O Brasil sediou a segunda edição do Fórum Mundial de Produtores de Café, entre os dias 10 e 11 de julho, em Campinas-SP. Criado em 2017, o evento é um ambiente de discussão, a fim de se alcançarem os caminhos mais sustentáveis para a atividade cafeeira global.
O setor global de produção de café compreende 25 milhões de famílias, que cultivam imensa quantidade de variedades do fruto e geram bebidas que satisfazem os mais diversos paladares em todo o mundo.
Só o Brasil possui uma Legislação Ambiental e Legislação Social rígida, com uma carga tributária perversa. Nosso sistema de rastreabilidade é, reconhecidamente eficiente, vide notas fiscais eletrônicas. Temos terras paradas em reservas sem nenhuma remuneração do capital investido, contudo, somos a Nação do Café, líder na produção sem aumentar área, líder na exportação e o segundo maior consumidor de café do mundo. Nossos sistemas de cooperativas de produção e de créditos são bem estruturados e a maioria obtém resultados positivos em seus balanços.
Em meio a uma realidade de grandes desafios, as nações cafeeiras debateram os temas de interesse comum, como a renda dos cafeicultores, as questões socioambientais, clima e sustentabilidade econômica.
Aproximadamente 1500 pessoas de 35 países participaram do encontro.
No primeiro dia do evento, o professor Jeffrey D. Sachs apresentou um estudo sobre “Análise Econômica e Política para Melhorar os Rendimentos dos Pequenos Produtores de Café”, em conjunto com o Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia.
O estudo do professor Jeffrey destacou a necessidade de haver interação entre todos os agentes da cadeia para o desenvolvimento de ações globais, além das já realizadas em cada país, havendo corresponsabilidade de todos os agentes públicos e privados do negócio do café para garantir a implementação da sustentabilidade em sua dimensão econômica, ambiental e social, Professor Sachs destacou, também, a necessidade de se desenvolver novas tecnologias para aprimorar as formas tradicionais de comercialização do café e estimular o aumento do consumo mundial da bebida.
Em seguida, palestras e painéis abordaram os temas desse estudo com nomes consagrados do mercado, como Nathan Herszkowicz, Carlos Brando, José Marcos, José Dauster Sette, Roberto Velez Vallejo, Annette Pensel, entre outros.
O que se pôde perceber foi a preocupação em encontrar um denominador comum sobre soluções para os baixos preços do café, além da importância de unir toda a cadeia através de planejamento e transparência dos dados, focando no produtor e consumidor.
No segundo dia, os participantes dividiram-se em quatro salas para uma conversa sobre os temas abordados no dia anterior, visando buscar soluções para cada assunto abordado. Cada grupo criou um diagnóstico com os principais desafios enfrentados pela cadeia e recomendações para resoluções coletivas no futuro.
Uma delegação com mais de 40 produtores cooperados da monteCCer, Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado de Monte Carmelo, participou de maneira expressiva no Fórum, em sua maioria, jovens empreendedores entusiastas por produzirem um café ético, rastreável e de qualidade.
Declaração final dos participantes do II Fórum Mundial de Produtores de Café
1º Promover a criação de uma plataforma tecnológica para agregar e disponibilizar informações e números de todos os segmentos da cadeia de valor do café, de forma a gerar transparência comercial e na formação de preços;
2º Desenvolvimento de mecanismos que facilitem a disponibilização das informações das origens produtoras por meio da rastreabilidade dos produtos oferecidos e suas especificidades aos consumidores finais;
3º Promover a capacitação dos produtores por meio de assistência técnica e extensão rural para a profissionalização em gestão da propriedade e aquisição de conhecimento sobre os riscos de mercado;
4º Estímulo ao desenvolvimento de estratégias inovadoras e campanhas para a promoção do consumo de café, principalmente, nos países produtores e mercados emergentes;
5º Desenvolver mecanismos, estratégias de marketing e inovações tecnológicas que permitam alcançar um preço remunerativo aos produtores, tais como selos de “sustentabilidade econômica” e “torrados pela origem”;
6º Incentivar que cada origem produtora, nos níveis público ou privado, desenvolva um plano nacional de sustentabilidade para o setor do café;
7º O Comitê do WCPF tomará providências para a formalização de uma entidade jurídica que planejará a execução dessas estratégias;
O próximo Fórum de países produtores será realizado em 2021. O comitê definirá com os países qual a cidade que sediará o próximo evento.
O Presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado e da monteCCer, Francisco Sérgio de Assis, assim avaliou o evento: “Ficamos felizes pois, podemos perceber que estamos bem na frente em todas as atitudes que se pretende tomar”. Francisco também destacou que um dos grandes pontos que se pode trabalhar com os demais produtores é uma campanha de marketing mundial – “beba café” – estimulando o consumo do produto que, além de saboroso, faz bem à saúde.