NILO CARDOSO NAVES, filho de Landulfo Naves Cardoso e Elmira Ávila de Oliveira, nasceu em 20 de março de 1928 em Monte Carmelo. Ele teve dez irmãos, seu pai, o Sr. Landulfo, era boiadeiro: criava gado, comprava e revendia. Naquela época, a única maneira de levar a boiada que vendia era no lombo do cavalo, e andavam grandes léguas de terra para entregar o gado. Ele e mais dez peões formavam a comitiva que se incumbiam de guiar mais de 1.000 cabeças para Barretos e Santa Rita de Passa Quatro, no Estado de São Paulo. A viagem levava de 15 a 20 dias.
Da sua mãe, D. Elmira, as lembranças eram de uma mãe zelosa, trabalhadeira, simples e muito bondosa. Lembrava que a sua casa na fazenda era sempre cheia. Além dos dez filhos, D. Elmira cuidou de outras cinco crianças órfãs de pai ou mãe. Estava sempre disposta a acolher quem quer que batesse à sua porta.
Sr. Nilo passou a infância na fazenda e depois em Douradoquara. Sobre sua infância, lembrava que naquela época, brinquedos eram raros e que, na maioria das vezes, ele e seus irmãos confeccionavam seus próprios brinquedos, como vaquinhas de sabugo, fazendinha de gravetos, bolas de meia, e outras coisas simples, mas não menos interessantes. De vez em quando era presenteado com algum brinquedo que o pai trazia de São Paulo, quando retornava das suas longas viagens. Lembrava-se de ganhar carrinhos e do jogo Roda da Fortuna.
Sobre os estudos, Sr. Nilo contou que estudou em uma escola no município de Douradoquara e depois foi para um internato, em Patrocínio, para cursar o ginasial. O internato era dirigido por padres e era só para meninos. Contou que os professores de sua época eram rígidos, mas nunca presenciou castigos físicos por onde estudou. Revelou que a matéria de que mais gostava era Matemática.
Voltou a morar em Monte Carmelo e conheceu sua futura esposa, caminhando em uma praça. Naquela época, os moços e moças solteiros ficavam dando voltas pela praça, uns vinham, enquanto outros iam. Era assim que paqueravam. Namoro, só de longe! Nem na mão podia pegar! Foi amor à primeira vista. Em oito meses, já estava casado com Dona Eda. Da união nasceram seis filhos que lhes deram 13 netos.
Ele contava, orgulhoso, que sempre trabalhou, desde menino. Começou com o pai e nunca mais parou. Quando ainda era jovem, já tinha suas cabeças de gado e se tornou sócio de um primo em uma cerealista. Fabricavam farinha e polvilho, além de comprar, limpar e revender arroz e milho. Depois de casado, mudou para Nova Ponte para fundar uma cerealista naquele município também. Dois anos depois, vendeu a cerealista de Nova Ponte, voltou para Monte Carmelo e comprou a parte do sócio. Mais três anos e o Sr. Nilo viu uma nova oportunidade de negócio: a produção de telhas. Na época era um negócio promissor, pois havia matéria prima em abundância na região e ele tinha experiência, já que foi sócio de outra cerâmica anteriormente. Vendeu a cerealista e investiu no novo negócio. Colocou um novo nome na Cerâmica que passou a chamar Inca Indústria e Comércio de Telhas.
A cerâmica era pequena. Tinha apenas uma prensa, poucos funcionários e uma produção de 6 mil telhas/dia que, naquela época, secavam naturalmente ao sol. O primeiro caminhão da frota era um Internacional 46. Naquela época, Monte Carmelo não tinha ruas asfaltadas e a energia era servida por uma pequena hidrelétrica que existia na cidade, insuficiente para a demanda. Muitas vezes, a produção da cerâmica parava em pleno expediente por falta de energia.
O novo empreendimento deu muito certo. Tanto que, alguns anos depois, construiu duas outras cerâmicas: a Azteca e a Azteca Indústria. Era década de 70 e início dos anos 80 e o Centro Oeste estava em expansão. Vendeu muita telha e tijolo para a cidade de Cuiabá, no Estado de Mato Grosso e para Goiânia, Goiás. Sr. Nilo contava com orgulho que vendeu muita telha e tijolo para Brasília.No auge da produção das três cerâmicas, havia 28 prensas em funcionamento, produzindo em torno de 4 milhões de telhas por mês. Era o período áureo da indústria cerâmica em Monte Carmelo, que tornou–se nacionalmente conhecida como a Capital da Telha.
Junto à indústria cerâmica, houve a expansão do Agronegócio, com lavoura e gado de corte, que foi a primeira vocação de Sr. Nilo, desde solteiro. No início, plantava arroz, soja e milho. Anos depois, mais especificamente nos anos 80, passou a investir no café também. Na época, a região do cerrado, antes desvalorizada por não ser uma terra muito produtiva, tornou-se a coqueluche do plantio de café. Sr. Nilo Cardoso Naves foi uma grande homem que contribuiu para o progresso de Monte Carmelo. Infelizmente, aos 90 anos, faleceu em 29 de abril de 2018, na cidade de Uberlândia, MG.
Texto: Márcia Regina
Adaptado por Renata Crochet
Fotos: Acervo pessoal