Sábado/ 27/ Julho, 2024 - 4:35

Romeu Zema, a história e o que pensa o homem que governará Minas pelos próximos 4 anos.

Romeu Zema, a história e o que pensa o homem que governará Minas pelos próximos 4 anos.

Entrevista: Eduardo Augusto

Considerado uma das grandes surpresas nas eleições, o empresário Romeu Zema (Novo)   conseguiu com apenas 6 segundos,  no horário politico de televisão,  derrotar nomes expressivos e experientes da política. Ele deu um salto de 10% nas pesquisas de intenção de votos,  a cinco dias do primeiro turno para 71,8% contra o senador e ex-governador de Minas Antônio Anastásia( PSDB) no segundo turno.

ROMEU_ZEMA Foto: Dynelle Coelho – Qu4rto St

Torna-se uma das grandes esperanças dos mineiros para superar uma das piores crises nas contas públicas de Minas Gerais.

Em uma entrevista exclusiva para revista Repleta, Romeu Zema nos fala de sua trajetória de vida pessoal, empresarial e, agora, política.

Em primeiro Lugar, gostaríamos que nos relatasse sua trajetória de vida pessoal e profissional.

Comecei minha trajetória profissional bem cedo, aos 11 anos, seguindo os passos de meu pai. Fui cobrador, frentista, balconista, estoquista, caixa, comprador, vendedor, analista de marketing, analista comercial e gerente. Eu me formei em Administração de Empresas, pela Fundação Getúlio Vargas e, em 1991, assumi o controle das Lojas Zema, da minha família. Durante minha gestão, conseguimos aumentar nossa rede de apenas quatro unidades aqui em Minas para 430 em Minas, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Espírito Santo. Desde 2014, sonhava em fazer a primeira sucessão planejada na Grupo, até porque me sentia muito sobrecarregado. Então, há cerca de um ano, passei a presidência para meu sucessor, o César Donizeti Chaves, que começou na empresa como frentista, mas continuo integrando o Conselho. Sou divorciado e tenho dois filhos. O Domênico estuda Engenharia Civil e a Catharina faz Cinema, em Londres. Agora, no início do mês, tive oportunidade de matar saudades da minha filha, pois fiz um curso de Aprimoramento em Gestão e Educação Pública, na Inglaterra.

O que lhe motivou a entrar na vida pública?

Nunca havia pensado em entrar para a vida pública. Mas, como a maioria dos mineiros, estava indignado com a situação em que se encontra o nosso estado. Comecei a pensar que, talvez, todos nós do empresariado tenhamos um pouco de culpa no cartório sobre a situação atual, deixando a coisa rolar à vontade, e estava na hora de fazermos a nossa parte. E acredito que, com a minha experiência em administração, eu possa contribuir para resgatar Minas da calamidade financeira que enfrenta hoje.

Romeu Zema Foto:Luis Ivo

A desilusão da sociedade brasileira com os políticos tradicionais contribuiu em sua decisão?

Com certeza, não só por eu também estar desiludido, mas por acreditar que o Partido NOVO traz uma nova proposta política, dentro de tudo aquilo em que acredito, deixando para trás as velhas práticas que não contribuem para as melhorias de que a população tanto necessita.

O convite do Partido Novo foi aceito de imediato? O que fez com que você aceitasse?

Pensei muito antes de aceitar o convite do NOVO. Depois de muito refletir, como disse antes, cheguei à conclusão de que poderia dar minha colaboração na recuperação de Minas.

Qual foi a reação de sua família quando disse que seria candidato?

Tive o apoio de minha família, como sempre na minha vida.

Em que momento da campanha você percebeu que poderia ser Eleito?

No início da campanha do primeiro turno, quando tínhamos menos de 10% da intenção de votos, claro que considerava muito remota a chance de chegar a ser eleito governador. Mas, nem por isso, deixei de me dedicar à campanha, viajando bastante pelo interior mineiro, buscando conhecer a fundo as diversas realidades que compõem nosso estado. Ao longo da campanha, fomos percebendo que os mineiros estavam mesmo fartos das velhas práticas políticas viciadas e ineficientes, que se confirmou no resultado das urnas.

Você imaginou que sua vitória seria tão expressiva como foi? O que isso representou para você?

Na minha opinião, o resultado destas eleições mostrou que a população buscava mudanças – não só aqui em Minas, mas em todo o país. Creio que, de certa forma, os eleitores fizeram nas urnas a reforma política que os parlamentares não quiseram fazer em Brasília. O volume de votos recebido representa uma imensa alegria, por ver a confiança do povo mineiro em mim, mas também uma enorme responsabilidade em não o decepcionar.

Qual o perfil de politico você pretende adotar ou implantar?

Vou me pautar pela transparência, para isso, estarei próximo dos parlamentares e da população. Vou levar para minha gestão, como disse, muito da minha experiência na iniciativa privada. Uma das medidas é a valorização da capacidade técnica no time que vai trabalhar comigo. Exemplo disso é a própria escolha dos ocupantes de cargos de chefia e coordenação no meu governo, que está sendo feita com apoio de empresas de gestão e recrutamento de pessoal. Outra marca será a austeridade e responsabilidade com o recurso público. O estado tem que ser igual a uma família. Não dá para gastar mais do que se ganha. Esse é um lema que sigo na minha vida e que vou levar para a minha função como governador de todos os mineiros e mineiras.

Como imagina que será sua relação com a Assembleia de Minas?

Acredito que será muito boa, pois todos nós, mineiros, queremos um jeito novo de governar e fazer Minas voltar a crescer. Nas minhas empresas, sempre procurei manter um contato direto com as pessoas e é isso que farei no meu Governo. Manterei um diálogo constante com os parlamentares, não só aqueles eleitos pelo NOVO (o Guilherme Cunha, o Bartô e a Laura Serrano) ou pelos partidos que nos derem sustentação no Plenário da Assembleia. Quero conversar com todos os 77 deputados, conhecer cada um deles e suas demandas.

Quais serão suas primeiras decisões como Governador de Minas Gerais?

Precisamos arrumar a casa. Nossas primeiras medidas serão voltadas ao enxugamento da máquina administrativa e para a atração de investimentos para o nosso estado. No primeiro caso, vamos reduzir o número de secretarias, cortar 80% dos cargos comissionados e acabar com mordomias e privilégios. No segundo aspecto, para tornar Minas atraente para os investidores, precisamos simplificar os processos estatais e reduzir a burocracia, por exemplo.

O estado acumulou uma grande dívida com os municípios mineiros. Como pretende solucionar esse problema e como serão feitos os repasses que iniciam a partir de sua posse?

Nos levantamentos de nossa equipe de transição estamos obtendo os dados reais desta dívida, incluindo os repasses não feitos e referentes ao ICMS, IPVA e Fundeb. Sabemos que esses valores não estão sendo repassados, como deveria acontecer. Porém, ainda estamos finalizando a apuração dos dados e, apenas após uma análise criteriosa das possibilidades, vou poder elaborar propostas para solucionar a questão.

Como pretende regularizar os vencimentos e colocar em dia o pagamento aos servidores estaduais?

O pagamento será regularizado com o reequilíbrio das contas públicas. E isso, como disse anteriormente, será feito com o enxugamento da máquina e com a retomada de investimentos no estado, para estimular nossa economia. É minha prioridade regularizar esta situação. Como já foi divulgado, firmamos compromisso em cartório que eu, o vice, Paulo Brant, e os secretários só receberemos nossos salários quando todos os servidores estejam com seus vencimentos sendo pagos em dia e integralmente. Essa é uma medida mais simbólica diante do rombo bilionário, mas é o que eu sempre digo: o exemplo sempre tem que vir de cima. E vamos dar esse exemplo.

Quais seus projetos para melhorar a segurança pública em nosso estado?

Vamos investir na melhoria dos trabalhos de investigação, monitorar áreas mais vulneráveis e integrar os sistemas de informação das forças policiais, entre outras medidas, usando os recursos que a tecnologia nos proporciona. Vamos propor a adoção de penas alternativas ou uso de tornozeleira eletrônica nos casos de pequenos delitos e também construir novas Apacs – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados – por meio de parcerias público privadas.

Qual sua visão com relação à carga tributária aplicada em nosso estado? Haverá alguma mudança?

Falar em reduzir a carga tributária hoje seria uma irresponsabilidade porque o estado está quebrado e a União está deficitária. Mas é preciso haver uma simplificação urgente. O nosso ICMS, por exemplo, é o de maior complexidade no país. Atualmente, os empresários precisam ser verdadeiros analistas fiscais e tributaristas para dar conta das leis que regem os tributos. E, em vez de você precisar de apenas uma pessoa na área fiscal da empresa, precisa de três, de tanta coisa que o Estado exige. Vamos simplificar para gerar novas receitas a partir da retomada do desenvolvimento econômico.

O que nossa região pode esperar de seu governo?

Venho do interior, de Araxá, aí também nessa divisa tênue do Triângulo Mineiro com o Alto Paranaíba. Município vizinho de Monte Carmelo, que conheço muito bem, por ser um apreciador do café produzido na cidade! (risos). Sou mineiro e serei o governador de todos os mineiros e mineiras. Independentemente da região ou município. Vamos ampliar a estrutura de atenção ao interior, que hoje representa mais de 88% da população mineira. Vamos em busca de mais empresas para o estado, e não só para a nossa capital, Belo Horizonte, mas para todos os pontos de Minas: do Triângulo ao Leste, do Norte ao Sul das Minas Gerais.

Você participou de um curso de gestão pública na Europa. O que traz na bagagem que pode ser aplicado em seu governo?

Foi uma experiência muito proveitosa. Tivemos contato com especialistas renomados na Universidade de Oxford. Nesse curso de gestão pública, para mim, fica cada vez mais claro que precisamos combater o desperdício dos recursos públicos com inteligência e sensibilidade para determinamos as prioridades com o foco totalmente voltado para quem mais precisa das políticas públicas: a camada mais pobre da população.

 Você declarou apoio, durante a campanha, ao candidato Jair Bolsonaro que foi eleito presidente da República. E agora, o que espera do governo dele?

Acredito que o presidente Bolsonaro tomará as medidas austeras que se fazem tão necessárias no Brasil atualmente. No que diz respeito a Minas, espero contar com todo o seu apoio, não apenas na renegociação da dívida do Estado com a União, mas também em relação às medidas que teremos de implementar no estado, mas que dependem do aval de Brasília. No caso das rodovias, é fundamental uma melhoria na infraestrutura que liga a capital mineira ao Triângulo e Alto Paranaíba, por exemplo. A BR-262 atualmente é uma estrada que representa risco iminente aos usuários da rodovia. Como é uma estrada federal, teremos que dialogar com a União para acelerar o processo de melhoria e duplicação da 262.

Considerações finais.

 Não faço e não fiz nenhuma promessa ao povo mineiro, mas firmo compromissos. Os mineiros podem confiar que meu governo terá como pilares a austeridade, a honestidade e a transparência. Meu governo será amigo de quem trabalha. Meu objetivo é dar a Minas o valor que merece, recuperando sua economia, criando empregos, reequilibrando as contas para que o estado de Minas Gerais volte a prestar serviços de qualidade, principalmente, nas áreas de segurança, saúde e educação.

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